Godzilla Minus One, que estreou no final de 2023 e foi um dos maiores vencedores do Oscar 2024, voltou a sua posição natural, uma que sempre teve: dono coração do público de filmes de monstros.
Godzilla não é só sobre um monstro
A franquia Godzilla, com exceção dos filmes ocidentais, nunca foi exatamente sobre monstros gigantes – ainda que seja capaz de transitar entre diferentes gêneros e ter diferentes teores em seus filmes.
O que Godzilla é? Cachorro, Gato, só um monstro? Acima dessa discussão que nasceu junto com a primeira aparição do kaiju mais famoso de todos os tempos, Godzilla é um um tipo de desastre natural.
Originalmente, Godzilla era a representação de uma catástrofe e o medo que o povo japonês tinha sobre ela. Isso se encaixa perfeitamente no pós guerra, em 1954, menos de uma década da derrota do Japão na segunda guerra mundial.
No entanto, isso foi se transformando que o passar do tempo. Usando a criatura, o Deus (“god”) de todos os monstros, como um personagem multifacetado, que representa catástrofes diferentes.
Portanto, entre os filmes mais sério da “franquia” Godzilla – pois você verá nosso “cachorrão” em muitos filmes voltados para a comédia – você poderá ve-lo sendo uma representação de catástrofes naturais, sobre guerras, sobre o genocído nuclear americano e etc.
Contudo, para além do sentido que Godzilla tem em seus filmes, o aspecto humano é determinante para essa entendimento. Quem sente a dor e as consequências de um desastre se não suas vítimas?
A unidade do povo em lidar com o sofrimento e, ao mesmo tempo, observar Godzilla como uma força natural, que apesar de ser a representação do ‘medo atual’ de cada filme, coroa o conceito tão emblemático que o maior dos kaijus inventou.
Minus One é sobre a guerra, mas também sobre encerra-las
Em Godzilla Minus One você será jogado no final da segunda guerra mundial. O Japão está perdendo, mas ainda manda seus soldados em ataques suicidas para tentar impedir o inevitável.
O personagem principal é um desses pilotos. No entanto, ele não atinge o objetivo de suas ordens, acusando falha mecânica e voa para a ilha Oda, buscando reparos.
Ele é uma crítica direta a política “kamikaze” que era propagandeada pelo governo na época. Nela, soldados – e a população que deveria apoiar isso – precisavam dar suas vidas a todo custo em prol de uma vitória impossível de se alcançar.
Godzilla, portanto, surge nesse cenário pós-guerra como uma crítica a guerras que nunca terminam. Um ciclo, de cobranças e ódio. Guerra para se vingar de guerras. Ele está ali, não apenas para ser uma catástrofe, mas para mostrar como a destruição que uma guerra causa fica marcada no povo muito depois dessa guerra terminar.
Entretanto, você verá que com a ajuda do povo, traumas antigos são superados. Como é o caso do protagonista, que se culpa por não ter morrido e, no final, aprende que viver é muito melhor que existir com a culpa que carregava.
Foto destaque: Godzilla Minus One é um lembrete que ciclos de guerras intermináveis sempre são negativas (Reprodução: Divulgação)
Redator, bacharel em Comunicação, menos leitor, mais escritor. Assistir filmes e escrever sobre eles é um hobby com gostinho de paixão.
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