A masculinidade tóxica em sua forma mais crua e assustadora em um filme de terror totalmente realista.

Jamais pensei em como o cinema de genêro, principalmente o terror, fosse capaz de ser tão cruel, artístico, dinâmico, fascinante e que trouxesse alegorias capazes de transformar o “ficticio ou a ficção”, se transformar em algo tal brutal e real. Men- Faces do Medo(Idem,2022) é extremo, pertubador, onde você vai perceber coisas que só podia sair da cebeça de seu ótimo realizador.

A capicidade do diretor e roteirista Alex Garland ( Guerra Cívil,2024 / Aniquilação,2018 e Ex Machina,2014) em desenvolver suas histórias é fenomenal, não por sempre traçar pontos de um realismo puro, ele aproveita e puxa a orelha da sociedade. Não, necessariamente são marcas registradas do cineastra, mas são pontos aproveitados em seus filmes.

Eu entendo perfeitamente quem assista a Men e diga que o filme é projeto ridicularmente mal aproveitado. Eu compreendo que filmes não são feitos para todos. Nem todo mundo é atinjido da mesma forma, ou seja, se você é um daqueles que gostam de se desafiar ao conhecer obras que lhe tiram de um senso comum, ou que desafie você de outras formas, Men – Faces do Medo é o longa-metragem ideal. Óbvio, como todo longa-metragem, têm seus objetivos e pretensões. Tanto pro lado negativo, como positivo. São poucos filmes da história do cinema que são 100% perfeitos.

A premissa de Men – Faces do Medo acompanha a jovem Harper( Jessie Buckley), uma mulher que viaja para o interior da Inglaterra após uma tragédia pessoal. Aos poucos, o vilarejo se torna cada vez mais estranho e seu descanso vira um pesadelo de suas memórias e medos mais sombrios.

Acho que o principal tema a ser discutido aqui é sobre relações tóxicas, focado no estar da mulher, em como é difícil estar num relacionamento que, de fato não existe mais. A representação de uma maldição aqui é a composições dos personagens masculinos como forma de metafora para transitar nesses pontos que se discute extamente isso. Afinal, se o filme estabelece uma lente que a maldição é sobre homens frágeis emocionalmente, e que sua força maior é a física, o lado mental é afetado? Ou seja, eles se sentem tão amendrotados nessa relação, que são capazes de fazerem coisas que, para quem abre um jornal ver a realidade de mulheres serem ameaçadas de morte diariamente, de sofrerem abusos físicos, sexuais, morais e até psicológicos. Obviamente, eu não acho que todo mundo terá um pensamento como esse. Talvez a obra vai dialogar contigo de formas toalmente diferentes. Provavelmente você vai só achar um entreterimento plausível, ou até um terrorzinho com momentos de lhe deixar na ponta da cadeira.

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Mas diferente de filmes mais comerciais, a A24 já possui esse quadro de trazerem obras, não desconfortáveis, mas abertas a discussões. Essas discussões que o filme elabora são boas, fazem com que o público se desenvolva, se desabroche.

É impressionante, também, como as composições dos cenários, o set de produção, felizmente traça um ponto importante no desenvolvimento da narrativa. Dentro da casa, você percebe que as paredes são vermelha, e as vezes tem acrescimo de cores a mais como o amarelo, e até o bege. E as curvas do móveis são sempre mais fechados. Isso já diz muito do que a produção em si quer que você pense. Será um tipo de produção que vai tentar lhe fazer criar uma sensação de isolamento? Sim, e não. Sim, por quê a sugestão de que aqueles elementos de Harper(Jessie Buckley) estar num lugar extremamente fechado mesmo, mas não acho que o filme traz uma caustrofobia. Muito pelo contrário, é um filme mais light, no quesito de sentimento, por que em outras situações, já não acho que são dessas formas.


A composição das atuações são ótimas. Rory Kinnear, que você pode se lembrar da primeira temporada de Black Mirror (Netflix,desde-2011) é extramente bem feita, a forma como ele dialogava com a Harper, os seus olhares e sua “cara de pau” em algumas cenas. Talvez, um dos arcos mais bem mal feitos foi o arco do padre e do filho. São personagens que cumprem com o seu papel, mas são mal escritos, pelo menos não traçam nenhum ponto admirável, principalmente o filho do padre, que criatura incrédula.

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Em resumo, “Men – Faces do Medo” é um filme de terror psicológico que não se limita aos sustos tradicionais. Ele explora temas profundos e desconfortáveis de maneira inteligente, embora possa não agradar a todos. Se você está em busca de um filme que vai além do óbvio e que desafia suas percepções, “Men” é uma escolha que certamente deixará uma marca.




Avaliação: 4.5 de 5.

By Don

Crítico, Nerd, Gamer que sabe que a verdade está lá fora. Viciado em séries, cinema e cultura pop em geral. Diretor de dois curtas metragens mas que hoje prefere atuar nos bastidores. Sonha em um dia visitar Hogwarts e o Condado e deseja que a força esteja sempre com você.

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