Elenco de Emily em Paris

Em uma provável tentativa de se conectar com a audiência através da tendência das redes (já que Emily trabalha com isso), a 4° temporada de Emily em Paris, da Netflix começa utilizando o recurso de resumir as últimas temporadas em um um tiktok do tipo “contando uma fofoca”. Este recurso serviria tanto para situar os espectadores como também gerar mais um conflito, já que agora Emily levou um exposed. 

Mas a narrativa não vai para frente e este acontecimento é completamente esquecido, e este é o grande presságio da temporada. 

Ou ao menos da primeira parte da temporada, já que a segunda parte será lançada apenas em 12 de Setembro. Aliás, qual era a necessidade de dividir a temporada em duas partes? 

A produção ainda recorre a recursos mirabolantes para gerar conflito e aumentar a tensão que são inverossímeis e até mesmo inúteis, já que no episódio seguinte tudo volta a ser como era antes. E, parando para pensar, essa frase resume o que foi essa primeira parte da temporada. Se a série está mesmo tentando colocar mais os pés no chão para ser levada a sério (mesmo que com proposta despretensiosa), está falhando. 

Marketeira nas horas vagas:

Uma coisa de que senti falta nesta primeira parte da temporada é a rotina de trabalho da Emily. Gostaria de ter tido mais detalhes sobre a organização do Baile da Desilusão, por exemplo. 

Acho triste quando vendem uma série com a proposta de retratar um tipo de vivência X e aí esquecem totalmente desse elemento e só o mencionam de passagem, quando é conveniente para o roteiro. É claro que a gente sabe que não é uma representação “fiel” da rotina de um profissional de marketing e muita coisa acontece como que por mágica. Mas mesmo quando era por mágica, ainda dava mais dinamismo, era mais interessante de acompanhar. 

Teria sido interessantíssimo acompanhar a Sylvie tentando estruturar a Grateau, sua agência, e angariar clientes. Basicamente, eu queria ver os personagens batendo a cabeça, passando perrengue no Marketing. Como o episódio da campanha da joalheria, em que tudo vai dando errado. 

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No episódio 4, vemos finalmente algumas consequências para a agência Grateau devido à matéria com a Sylvie e como eles lidam com a crise. Também vemos um pouco dos problemas em relação ao clube Laurent G, a campanha do shampoo de cabelo, etc.. 

Emily em Paris continua perdendo ótimas oportunidades de ser interessante e cômica (já que você PODE fazer comédia pastelão, mas precisa se comprometer com a comédia pastelão para dar certo). 

Emily em Paris: Slow Burn ou Ioiô?

A única coisa que faz a gente seguir em frente como audiência é a química de Gabriel e Emily (e sinceramente talvez nem isso seja mais suficiente). Não porque eles tenham perdido seu charme (as cenas do baile da Desilusão me deixaram balançando os pés enquanto assistia tal qual uma garotinha). Mas porque após 4 temporadas e muita lenga-lenga, é difícil ter entusiasmo quando você sabe exatamente o que vai acontecer. 

A audiência sabe a diferença entre um romance “slow burn” e uma produção como Emily em Paris, que apenas esfrega o casal na nossa cara de vez em quando para darmos mais uma chance quando tudo o que queremos é jogar o celular/tv longe de tanto ódio pelo enredo. 

O problema não é eles demorarem a ficar juntos, mas as desculpas ridículas que arrumam para eles não ficarem. E os motivos igualmente ridículos que os unem sempre nos mesmos lugares. 

Esse ciclo ioiô e “slow burn” não funciona em produções em que cada temporada tem cerca de 10 episódios de 30 minutos cada. 

No caso de uma novela ou uma série mais longa, há tempo para a audiência aproveitar enquanto o casal está junto, mesmo que nas mínimas coisas. Uma conversa, mãos dadas… meu deus, até uma troca de olhares bem feita deixa os fãs de slow burn em polvorosa. A icônica “cena da mão” do Sr. Darcy está aí e não me deixa mentir.

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E aí, quando a separação do casal acontece, há tempo para desenvolver o conflito, fazer a audiência compreender o motivo de ambos e sofrer com a separação. 

Emily e Gabriel tem tão pouco tempo “em paz” e tantos conflitos bestas que o único motivo de sofrimento é a escolha de ainda clicar para assistir a série. 

Antes do Baile da Desilusão, eu estava até mesmo feliz e conformada que ela não ficaria com o Gabriel, porque já tinha esquecido o porquê de querer tanto que eles fiquem juntos. E essa é a pior coisa que pode acontecer a um casal/shipp. Principalmente quando esse ship é a única coisa que resta de interessante numa produção.

Considerações finais:

No geral, os problemas de Emily em Paris continuam essencialmente os mesmos. A diferença mais gritante é que, talvez tentando fazer a protagonista se destacar menos por ser irritante e meio mau caráter, foram deixando personagens interessantes e que roubavam a cena cada vez mais irritantes. A única personagem que se safa dessa é a Sylvie.

A 4° temporada de Emily em Paris se demora demais em acontecimentos que podiam ser resumidos ou acontecer até fora de cena e corre com as cenas que são realmente intrigantes se acompanhar.

Mesmo que a segunda parte da temporada tenha uma grande reviravolta e nos surpreenda no desenvolvimento dos personagens (já que o elenco têm jurado que a série está mais madura), esta mudança seria repentina e não muito crível. Considerando que vemos muito pouco de uma real evolução até o fim da primeira parte. 

Ah, sim, e a xenofobia a pessoas francesas continua em dia. 

By Keith Ives

Uma enciclopédia humana de comédias românticas. Tenho gosto musical duvidoso e gosto de fingir que estou em um talk show enquanto lavo a louça. Quando não estou assistindo a filmes, estou fazendo miniaturas deles.

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