Baseada no livro de mesmo nome, Manual de Assassinato para Boas Garotas (A Good Girl’s Guide for Morder) chegou à Netflix no dia 1 de Agosto. A série estrela Emma Myers (de “Wandinha”), e o elenco também inclui Zain Iqbal, Asha Banks, India Lillie Davies e Rahul Pattni. 

A produção conta com 6 episódios e pode ter mais temporadas, já que o livro faz parte de uma série composta por outros três. Será que a adaptação tem o que é necessário para atrair o público e ser renovada, com uma premissa já realizada diversas vezes? 

Sinopse de Manual de Assassinato para Boas Garotas: 

Cinco anos após o assassinato de uma adolescente de 17 anos em uma cidadezinha inglesa pacata, uma estudante decide investigar o caso. 

Personagens: 

Apesar da boa atuação de Emma, é difícil simpatizar com Pip: uma garota descrita como boa e supostamente preocupada com o caso de Andie mesmo depois de todos terem seguido em frente. 

Na prática, apesar dos flashbacks constantes e dos recursos de trilha sonora, Pip parece se importar apenas consigo mesma e seu projeto de extensão. É insensível e egocêntrica a ponto de perseguir o irmão do suspeito de assassinato (que cometeu suicídio) e se aproximar dele fingindo casualidade. Só para, em seguida, jogar a bomba de que o seguiu para entrevista-lo sobre a morte do irmão para o seu trabalho.

E, quando Ravi (irmão de Sal) fica incomodado e fala para ela ir embora, Pip fica destroçada. Como se fosse uma injustiça com ela ele não querer ajudar e pior: como se a reação dele tivesse sido exagerada. 

A protagonista de Manual de Assassinato para Boas Garotas é o tipo de personagem “determinada” que atropela tudo e todos no seu caminho apenas para conseguir o que precisa, custe o que custar. E, nesse caso, o custo é a estabilidade emocional de um jovem que perdeu seu irmão depois de ser acusado de homicídio. 

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E mesmo depois disso, ela continua insistindo em entrevistar a irmã de Cara, uma de suas amigas, que era amiga do suspeito. Cara chega a perguntar a Pip se ela sabe como esse assunto é delicado e ela diz que sim, mas é claro que não sabe. Está tão cega pelo próprio objetivo que é incapaz de levar em consideração o incômodo explícito que os outros personagens sentem. 

Pior que Emily Cooper:

Nesse aspecto, ela chega a ser pior que a Emily de Emily em Paris. Já que, por mais encrenca que a executiva de marketing cause, nunca envolveu a exploração do luto de alguém. 

Você chega à metade do primeiro episódio sem sentir um pingo de simpatia pela protagonista, embora o roteiro tente muito te convencer que ela se importa de verdade com o caso e que sua “determinação” vem do desejo de justiça porque ela acredita na inocência de Sal. 

Com exceção de uma cena específica em que tanto Emma quanto a atriz que faz sua versão mais jovem expressam muito bem um horror, muito provavelmente de culpa (quando Sal pergunta a Pip se ela viu Andie), Pip não convence nem como uma boa garota de verdade nem como uma anti-heroína por quem queremos torcer. 

Nesse sentido, todos os outros personagens são mais interessantes e atraem mais simpatia que ela.

Enredo: 

Existem alguns artifícios do roteiro de Manual de Assassinato para Boas Garotas meio forçados para sempre frisar para a audiência como o caso de Andie marcou a cidade, alguns deles tão cheios de coincidências que fica cansativo. Tudo acontece de um jeito muito conveniente e não convence. 

Uma ambientação dessas deveria soar mais espontânea para a audiência, mas fica a sensação de que todas as “coincidências” são apenas para dizer “olha como essa cidade ficou afetada com o acontecido”. E essas inconsistências te tiram um pouco da história.

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Ao final do episódio, vemos que é compreensível que ela queira desvendar o mistério não só pela inocência de Sal, mas para aliviar sua própria consciência. Porque, caso ele fosse mesmo culpado, ela teria contribuído indiretamente (e sem fazer ideia) para a morte da garota. Nesse momento, ela até que conquista alguma compaixão. 

O gancho para o próximo episódio é meio “pobre de quem não sabe voar”, como diria Glória Perez. É difícil acreditar que, mesmo com a negligência policial e o suicídio de Sal após a confissão, Pip seria a primeira a notar e levar em consideração uma evidência como aquela. 

Consideração final:

É difícil quando você só simpatiza com o protagonista nos últimos 10 minutos do piloto, mas o gancho cumpre o papel de instigar para o desenrolar da investigação. O gênero mistério/investigação é muito difícil de fazer. Porque já é fácil cair em soluções milagrosas e evidências convenientes quando se trata de um investigador profissional. Imagine quando essa investigação é feita por uma adolescente, 5 anos depois do ocorrido. 

Para os próximos episódios da série, o desafio será manter um ritmo na trama e encontrar jeitos verossímeis de achar evidências. Já que não sendo profissional, Pip não tem muitos recursos para investigar um caso de 5 anos atrás. 

By Keith Ives

Uma enciclopédia humana de comédias românticas. Tenho gosto musical duvidoso e gosto de fingir que estou em um talk show enquanto lavo a louça. Quando não estou assistindo a filmes, estou fazendo miniaturas deles.

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