“Igual aos quadrinhos” é uma frase que ouço com frequência e, em “Hellboy e o Homem Torto“, não foi diferente. Ao sair do cinema, escuto os fãs gritando ela com entusiasmo. Não me transmite segurança quando definem um filme desse jeito, existem possibilidades de ser só uma cópia, como é o caso deste novo longa do personagem, que tem um orçamento modesto e, em certas ocasiões usa isso a seu favor. O que funciona em uma linguagem não é garantia de um sucesso universal, precisa passar por adaptações.

A história é simples, rural, sem envolver o destino do mundo. Achei interessante a escolha, criou uma atmosfera única em comparação com outras adaptações do Hellboy, o que pode ser considerado o ponto mais alto do filme. O diretor Brian Taylor aproveita bem pouco dessa estética, está mais interessado nos clichês “cruciais” para um horror contemporâneo, usando todos os truques até o limite. Fiquei cansado da mesma trilha sonora pontuando os sustos e suspenses. Mesmo nas tarefas mais simples, como fazer um jumpscare, ele falha. Até tenta introduzir alguns conceitos, como a câmera distorcida, mas tudo parece ser gratuito e mais do que o necessário. Durante a ação ele não apresenta melhorias, são estranhas, abruptas e cheias de cortes aleatórios que prejudicam a compressão do espaço e movimento. Sem dúvida, uma das piores montagens que vi neste ano, sinto que na ilha de edição eles pegaram os piores takes e estamos assistindo ao primeiro corte.

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O texto é ruim, com muita exposição já nos primeiros minutos, nada parecendo natural e sendo resolvido por conveniências. A cena de abertura já mostra a falta de qualidade que se estenderá até o final. O sentimento ao assistir é de vazio, uma confusão completa que me deixou perdido. Os personagens são horríveis, não há nem carisma para manter o interesse e as relações são falsas, do Hellboy só restou a boa caracterização. Cada ator atuando em uma proposta diferente, alguns em uma fantasia caricata outros em um horror denso. Quando elas se chocam destoa tanto que roubou minha atenção e só reparei no exagero.

Embora não possa estabelecer uma comparação com produções feitas por fãs, acredito que eles seriam mais cuidadosos. Em incoerências, Hellboy e o Homem Torto até tem um roteiro do tamanho da sua ideia, mas falta criatividade e um bom uso dela. Não basta apenas enquadrar a história, HQs e cinema são duas linguagens diferentes.

NOTA: 2/10

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