Dirigido por Nicholas Fabiano e Richard Alan Reid, Pais de Pets (Puppy Love) é um filme de 2023 estrelado por Lucy Hale e Grant Gustin. Em uma era carente de boas comédias românticas, será que Pais de Pets conquista seu lugar entre as histórias do gênero que nunca esquecemos?
Sinopse de Pais de Pets:
Após um desastroso primeiro encontro, Nicole (uma garota festeira) e Max (que tem fobia social) juram nunca mais entrar em contato, até descobrir que seus cachorros deram match e agora terão filhotes.
Enredo:
Os lugares-comuns do longa-metragem dão uma engasgada no enredo já no início do filme. A exposição extrema e os estereótipos exagerados dos personagens com o objetivo de definir o mais rápido possível quem é quem na narrativa te deixam cansado já nos primeiros cinco minutos.
O enredo apela para conflitos (e soluções destes conflitos) muito mirabolantes e desconexos.
A narrativa se apoia muito no humor do absurdo, porém falta algo que amarre todos esses absurdos de um jeito coeso.
Mas se você for capaz de relevar a caracterização previsível, a retratação totalmente equivocada de uma psicóloga e de técnicas de terapia, vai encontrar um casal com química transbordando de momentos fofos e esquisitos. Sabe personagens com energia caótica? Eles são assim e Max e seu amigo também.
Uma coisa legal é assistir a amizade dos dois, já que passam realmente a sensação de serem amigos de verdade.
A relação de Nicole com a mãe, a irmã, o namorado e a amiga, no entanto, servem apenas ao propósito de expor para a audiência os traumas de Nicole no início e na metade do filme, de um jeito bem gratuito.
Personagens:
Apesar do carisma da atriz, demora um pouco até você realmente se conectar com Nicole. A caracterização dela parece preguiçosa tendo em vista o que conseguiram fazer com o personagem de Max em poucos minutos de tela. Ela é a prova de que é preciso mais que um trauma para fazer com que a audiência torça por um personagem. Isso porque, em tese, ela tem tudo o que precisa ter para nos identificarmos com ela. Ainda assim, essa conexão só acontece mais para a metade do filme.
Pais de Pets aborda um pouco a fobia social do protagonista Max e, por mais compreensível que seja o tema não ser muito aprofundado por se tratar de uma comédia romântica, ainda assim dá a impressão que o tópico foi sendo esquecido da metade do longa em diante. Isso sem falar na psicóloga, que é completamente esquecida e nunca mais é nem citada.
Apesar disso, podemos notar alguns efeitos da fobia social na rotina de Max, o que é interessante de acompanhar por sua evolução. Embora fique a sensação de que a condição e a luta pela melhora dele servem ao propósito de aproximar os personagens e criar um clima de romance.
As atuações:
Apesar de alguns diálogos sofríveis, do humor que nem sempre acerta e da abordagem tosca (e até ofensiva) da psicologia, Lucy Hale e Grant Gustin, protagonistas de Pais de Pets, encantam em vários momentos com uma sutileza na atuação que não passa despercebida.
Ambos fazem um ótimo trabalho em retratar os momentos de constrangimento que te causa vergonha junto só de assistir. Max, especialmente, emociona logo nos primeiros minutos do longa. Um super ponto para a caracterização dele, já que você sente todo o peso e o significado da cena da adoção, mesmo que não saiba muito sobre o personagem.
Pais de Pets é uma comédia romântica que só vai ser engraçada mesmo se você curtir humor por constrangimento, típica de The Office. Mas entrega uma boa química e o sentimento aconchegante que toda boa comédia romântica tem que trazer.
Uma outra coisa interessante é que Pais de Pets é o primeiro filme em que vejo menção à pandemia. A maioria dos lançamentos de 2022 para cá ou estrategicamente ambienta o filme em 2019, ou simplesmente finge que a pandemia nunca existiu.
Nota: 5/10
Comentário final: se eu ganhasse um real a cada vez que comida picante fosse usada em comédia romântica como artifício para fazer os personagens “se abrirem” e se aproximarem (Pais de Pets e Purple Hearts), eu teria duas moedas. O que não é muito, mas é bizarro que tenha acontecido duas vezes.
Uma enciclopédia humana de comédias românticas. Tenho gosto musical duvidoso e gosto de fingir que estou em um talk show enquanto lavo a louça. Quando não estou assistindo a filmes, estou fazendo miniaturas deles.