Uma Fanfic musical do Todd Phillips
Recentemente, nós do Pimenta Nerd tivemos a honra de assistir em primeira mão Coringa: Delírio a Dois, a convite da Warner. Mas será que o filme é bom? E mais importante: será que era necessário? Vamos descobrir.
Sinopse: Em Coringa 2, acompanhamos a sequência da história de Arthur Fleck (Joaquin Phoenix), um ex-palhaço que lidou desde sempre com problemas mentais e uma origem familiar complicada. Após sua demissão, Fleck abraçou a violência e se transformou no Coringa, o maior símbolo de uma revolução popular contra a elite de Gotham City. Agora preso no hospital psiquiátrico de Arkham, Arthur conhece Harleen “Lee” Quinzel (Lady Gaga). A curiosidade mútua se transforma em uma obsessiva paixão, e os dois iniciam uma desventura alucinada e musical pelos submundos de Gotham, enquanto o julgamento público do Coringa se desenrola, impactando toda a cidade e suas mentes conturbadas.
Antes de começar a crítica, preciso deixar claro: sou uma grande fã do primeiro filme. Para mim, ele é uma obra fechada, como uma graphic novel completa, com uma atuação fenomenal de Joaquin Phoenix. Desde que anunciaram essa sequência, sempre achei que ela não era necessária — e essa impressão só se confirmou após assistir ao filme.
Uma coisa inegável é que Todd Phillips não cai no lugar-comum. Ele evita fórmulas fáceis, como a da Marvel, e Coringa 2 tem um estilo próprio, cheio de ideias. A Gotham suja e melancólica criada pelo diretor se mistura com o ambiente deprimente de Arkham, criando uma atmosfera que, visualmente, é muito impactante. A fotografia é tão boa que, em muitos momentos, parece digna de ser emoldurada. No entanto, todo esse visual marcante não compensa os problemas do roteiro.
O roteiro é desorganizado e não avança. Faltam momentos de suspense e choque, como no primeiro filme. Em vez disso, Coringa 2 parece um grande filler, alternando entre Arkham e o tribunal, sem realmente desenvolver a trama. O filme se torna repetitivo, chato e cansativo, com números musicais pessimamente encaixados — fica claro que o diretor nunca entendeu o ritmo de um bom musical.
Joaquin Phoenix ainda entrega uma boa performance como Arthur Fleck, mas parece desconfortável no papel, como se não quisesse estar ali, fazendo mais um filme do personagem, a não ser por uma possível busca por outro Oscar. O mesmo acontece com Lady Gaga, que canta bem, mas, fora isso, entrega uma performance que mais parece uma imitação da Arlequina do que uma atuação, só que aqui está cantando.
Os personagens coadjuvantes são irrelevantes. Os guardas de Arkham são estereótipos genéricos, e até agora me pergunto o que fez Brendan Gleeson aceitar um papel tão medíocre. O mesmo vale para o ator de Harvey Dent, que apenas repete clichês de tribunal.
No fim, Coringa: Delírio a Dois impressiona pela fotografia e tem alguns números musicais interessantes, mas não memoráveis. O filme acaba caindo no ostracismo, vivendo apenas de breves bons momentos.
Nota; 4.5/10