Existem qualidades.
“Coringa: Delírio a Dois” é uma reposta para aqueles que não gostaram do primeiro e acusaram o filme de ser irresponsável. Todd Phillips concentra suas energias em destruir o mito Coringa, que, na verdade, é apenas um homem frágil ou “mais um maluco”. Impossível não reconhecer a coragem do diretor de atacar os fãs e transformar a sequência de um filme bilionário e premiado no oposto do que se espera, correndo o risco de uma má recepção. Bastante autoconsciente e desarranjado.
Phillips enfrenta uma tarefa complexa, que é a de unir todas a ideias e gêneros (drama, musical, tribunal, ação e HQ), que são criativas, mas a falta de habilidade prejudica a execução. A forma como esses elementos são costurados é abrupta. Não chega prejudicar a coesão da narrativa, só paralisa o ritmo. O primeiro ato é mais equilibrado, os personagens são bem apresentados e seus conflitos e ideologias estão em constante evolução. A relação entre Arthur e Lee é complexa, o que resulta em camadas e debates interessantes. Lee se aproveita de uma mente vulnerável, ao mesmo tempo em que se entrega completamente ao delírio da paixão pelo Coringa Anarquista. A trajetória de desilusão e o embate interno de Arthur ter uma sombra que tenta dominá-lo, são boas promessas. A química de Gaga e Joaquin Phoenix é sensacional, são duas atuações sólidas que não gritam por “Oscar”.
Após a primeira uma hora, restam alguns momentos isolados que são poderosos. O desenvolvimento não é levado pelos melhores caminhos, sondo até forçado, mas, apesar de não ter o mesmo estudo profundo de antes, não se torna raso, apenas preguiçoso. É musical e falta entrar na loucura do Coringa, são números limpos de mais para delírios.
Pode parecer repetitivo, busca inovação, porém não consegue fazer muita coisa com ela. Além disso, falta dramaticidade. No entanto, é um exercício criativo interessante que tem boas qualidades e o desejo de ser grandioso.
NOTA: 6/10