A vida não é um conto de fadas

Durante a Mostra de São Paulo, tivemos a oportunidade e a honra de assistir Anora, o novo filme de Sean Baker, diretor de Projeto Flórida e Tangerine, vencedor do Festival de Cannes. Mas será que o filme é bom? Vamos descobrir.

Sinopse: Em Anora, longa dirigido e escrito por Sean Baker, acompanhamos a jovem Anora (Mikey Madison), uma trabalhadora do sexo da região do Brooklyn, nos Estados Unidos. Em uma noite aparentemente comum, a garota descobre que pode ter tirado a sorte grande e uma chance de mudar seu destino: ela acredita ter encontrado seu verdadeiro amor após se casar impulsivamente com o herdeiro russo Ivan (Mark Eidelshtein), filho de um oligarca. Não demora muito para que a notícia se espalhe pela Rússia e, então, seu conto de fadas é ameaçado quando os pais de Ivan entram em cena, desaprovando totalmente o casamento. A história que ambos construíram é ameaçada, e os dois decidem em comum acordo findar o casamento. Mas será que para sempre?

Assim como em seus outros filmes, especialmente Projeto Flórida, Baker consegue trazer um toque de realidade, mostrando que a vida não se resolve com um passe de mágica. Ele faz isso por meio da edição e do contraste de cores: o início é lúdico e sonhador, com muito brilho, mas vai se degradando ao longo do filme.

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O grande destaque, sem dúvidas, é Mikey Madison, conhecida por Era uma Vez em Hollywood e Pânico, que traz uma Anora sonhadora no início, apaixonada pelo que faz, mas que aos poucos enfrenta a dura realidade da vida. Sua performance, aparentemente simples, é repleta de nuances, principalmente através de suas expressões.

No restante do elenco, destacam-se Yuriy Borisov, Karren Karagulian e Vache Tovmasyan, que, junto com Mikey, protagonizam os momentos mais caóticos e engraçados do segundo ato. Mark Eydelshtein como Ivan também merece reconhecimento, interpretando o papel de um herdeiro mimado e irritante.

Anora tem um segundo ato um pouco arrastado, com uns cinco minutos desnecessários que podem cansar o espectador. Mesmo assim, o filme consegue manter o interesse, envolvendo-nos na realidade e no caos que vai se intensificando cada vez mais.

No fim, Anora é um ótimo filme. Embora tenha decepcionado um pouco, por não ser um filme nota 10, como era esperado de um vencedor de Cannes, ele é cru, real e sabe a hora certa de terminar. Mais uma prova de que Sean Baker é um dos melhores diretores da nova geração.

Nota: 8/10

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