Filme francês trata de temas como machismo institucional e mulheres na luta sindical
Existem filmes cuja temática pesa bastante, mesmo que a execução tenha seus problemas. Definitivamente A Sindicalista (2023) é um desses filmes, o longa é dirigido por Jean-Paul Salomé e conta a história real de Maureen Kearney uma mulher que era líder sindical da Areva, um grupo responsável pela industria de energia nuclear europeia.
O filme divide sua história em dois núcleos, sua primeira parte é dedicada a relatar a luta de Maureen pela denuncia dos planos da Areva de fazerem negócios com a china o que acarretaria na demissão de milhares de trabalhadores nas usinas francesas e o segundo núcleo que retrata os acontecimentos após um evento resultante da perseguição que Maureen sofreu por lutar contra a venda de tecnologia para China.
Um dos grandes destaques do filme vai para a direção, ela consegue ser inventiva e ao mesmo tempo prender o telespectador de uma forma que trás um mal estar interno por estar vendo a protagonista passar por aquela situação. Também vale destacar como a montagem consegue criar cenas com elementos de suspense de uma forma muito boa utilizando da trilha e da iluminação para criar desconforto, tudo que se refere ao ritmo durante o primeiro núcleo do filme é muito bom e interessante de se acompanhar mesmo que o telespectador não entenda muito de lutas sindicais ou da situação trabalhista francesa.
Contudo o filme sofre um problema de ritmo e de narrativa especificamente no meio dele,nesse momento quando ocorre a virada do primeiro núcleo para a segunda temática do filme a mudança que ocorre é muito brusca, a temática do filme e o estilo que ele estava seguindo mudam bastante e essa mudança apesar de bem trabalhada depois leva um tempo até conseguir pegar um ritmo bom, além disso outro problema do filme é que existem alguns arcos que são abertos e não chegam a ter conclusão e isso pode prejudicar um pouco no fina
Tematicamente falando aqui está o maior peso de A Sindicalista, o filme levanta temas muito atuais e relevantes não apenas para a comunidade francesa (mesmo que as pessoas dessa comunidade vão sentir o filme com maior peso),ele trata muito sobre o machismo presente em instituições corporativas e no próprio sistema policial. A grande reflexão do filme é a denúncia de como mulheres são tratadas quando começam a realmente lutar no ambiente de trabalho pelo coletivo e de como quem detém poder estão disposto a tudo para desmoralizar e inferiorizar essas mulheres.
O grande destaque do filme vai para a atuação de Isabelle Huppert, a atriz consegue entregar uma performance magnífica de uma mulher batalhadora, mas que ao mesmo tempo como sua personagem diz “ está cansada de ser forte” por ter que lidar com tudo que ela está passando e não conseguir se abrir nem com as pessoas mais próximas.
Portanto A Sindicalista é um filme que vale muito a pena ser visto principalmente pela denúncia e reflexão que ele trás a cerca de como o mundo lida com mulheres nessa situação que não se colocam no papel de “ boa vítima” e buscam lutar não só por elas, mas pelos outros. Contundo o filme ainda assim possui alguns problemas na sua execução que podem atrapalhar a experiência de quem for assistir
29 de junho de 2023 No cinema / 2h 2min / Drama/Suspense
Direção: Jean-Paul Salomé
Roteiro Jean-Paul Salomé, Fadette Drouard
Elenco: Isabelle Huppert, Grégory Gadebois, Gilles Hugo
Título original: La syndicaliste
Crítico, Nerd, Gamer que sabe que a verdade está lá fora. Viciado em séries, cinema e cultura pop em geral. Diretor de dois curtas metragens mas que hoje prefere atuar nos bastidores. Sonha em um dia visitar Hogwarts e o Condado e deseja que a força esteja sempre com você.
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