Pôster do filme De Onde Eu Te Vejo, com Domingos Montagner e Denise Fraga

Lançado em 2016, filme De Onde Eu Te Vejo retrata o tema mais atual que nunca: a velocidade das mudanças e o quanto são inevitáveis

“O que o amor vira quando chega ao fim?”

A comédia romântica (com uma dose de drama) De Onde Eu Te Vejo de Luiz Villaça se propõe a responder a esta pergunta pelas lentes dos protagonistas, Ana e Fábio. O casal se divorcia após 20 anos de casamento  e, agora, têm a difícil missão de descobrir quem são após uma vida inteira juntos. Enquanto tudo o que eles um dia conheceram começa a mudar.

Denise Fraga brilha no papel de Ana. Denise é excelente em papéis sensíveis, em que os personagens passam por momentos muito vulneráveis e confusos. Ela tem micro-expressões que dizem tudo. É impossível ver Ana aturdida e não lembrar de Camila, seu papel em As Melhores Coisas do Mundo (especialmente a cena dos ovos).

Domingos Montagner também não fica atrás e é quando ele está em cena que temos os melhores momentos de Manoela Aliperti, que faz a filha do casal. A relação dos dois personagens é linda de assistir. E Manoela ganha muito nestas cenas, já que em outros momentos a atuação dela deixa um pouco a desejar.

No filme, Ana trabalha com especulação imobiliária. Mas, enquanto repete para si mesma que adora mudanças (e até termina o casamento por conta disso), tenta a todo custo se agarrar a cada mínima coisa.

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Ao longo da trama, ela vai percebendo que, embora diga que “este é o curso natural da vida e não tem como lutar contra”, não está tão pronta assim para se desprender de tudo. E que talvez, só talvez, ser “desprendido de tudo” não seja uma boa coisa.

Se mexe em time que está ganhando?

Um detalhe muito interessante na história é o paralelo que sobre a especulação imobiliária em São Paulo e o dilema da inevitabilidade da mudança. Afinal, é evolução ou retrocesso?

O longa brinca com esta ideia o tempo todo. E é lindo de ver o jeito que a história dos personagens se cruza com lugares da cidade que são marcantes para eles e como milhares de histórias se entrelaçam nesses mesmos lugares todos os dias.

Tem coisa mais brasileira que tomar um cafézinho com pão na chapa na padaria?

Além disso, a produção têm um charme especial por ser claramente brasileira. Tem essência nacional. Se você não está familiarizado com as produções nacionais, este é um ótimo filme para assistir e recomendar para o seu amigo que diz que “filme brasileiro é tudo ruim”. E por falar nisso, aqui estão mais alguns made in brasil.

De um jeito leve, De onde eu te vejo explora temas complexos, daqueles que deixa a gente acordado durante a noite. Como o ninho vazio depois que os filhos vão para a faculdade, a sensação de não ser mais ‘necessário’. E também o sentimento de evolução constante que faz com que sempre estejamos atrasados e sem tempo, como se fôssemos engolidos pelo progresso e a rotina, etc. Além de o cotidiano distanciar as pessoas que amamos da gente, por mais que estejam sob o mesmo teto.

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Luiz Villaça tece um delicado conto sobre o Tempo e também uma homenagem à cidade de São Paulo, apesar de conhecida como uma ‘selva de pedra’. O diretor prova que, definitivamente, existe amor em SP.

By Keith Ives

Uma enciclopédia humana de comédias românticas. Tenho gosto musical duvidoso e gosto de fingir que estou em um talk show enquanto lavo a louça. Quando não estou assistindo a filmes, estou fazendo miniaturas deles.

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