Personagem Delia em cena do filme

Paola Cortellesi é a diretora e protagonista de Ainda Temos o Amanhã (2023)filme que estreia em 4 de Julho nos cinemas. O longa-metragem é a estreia de Paola como diretora e também conta com Romana Maggiora e Valerio Mastrandea no elenco. Aclamado pela crítica, o filme se tornou um dos mais lucrativos de todos os tempos na Itália.

Sinopse: 

Paola vive Delia, uma dona-de-casa dos anos 40 no pós-guerra da Itália, que se divide em mil funções para dar o melhor para sua família. No entanto, após receber uma carta misteriosa, começa a se questionar, pela primeira vez, se a vida tem mais para oferecer a ela. Enquanto isso, um importante momento histórico no plano de fundo: o direito ao voto das mulheres. 

O drama feminista é um filme sobre repetição. Cada detalhe nos transmite a ideia de que aquele é mais um dia como todos os outros, e que os próximos serão exatamente como aquele, por mais absurdo que seja o acontecimento. E que não há muito o que possamos fazer para mudar isso.  

O filme, muitas vezes, recorre ao absurdo para ilustrar o quanto somos capazes de normalizar coisas terríveis se formos expostos a elas por muito tempo. De forma que, para nós, é apenas parte do cotidiano. 

Com personagens bem construídos e moralmente cinzas, caracterização bem feita a ponto de os personagens nem precisarem dizer o que estão pensando ou as motivações por trás de atos simples, porque já sabemos. E os diálogos, quando existem, são muito perspicazes. 

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Embora seja um drama, há também o uso do humor (mórbido) para reforçar o absurdo. A direção usa de enquadramentos inteligentes, mise-en-scene e recursos como por exemplo: cortes secos, silêncio, trilha sonora e dança para compor o universo nauseante do longa-metragem. 

Além disso, vemos sempre as desigualdades sociais e de gênero sendo exploradas e o papel que elas representam nos conflitos destes personagens. 

Porque, como na ficção, nossa vida sempre é entrelaçada com o momento histórico. 

Considerações finais:

Ainda Temos o Amanhã é um filme sutil, cuja história acontece nos detalhes. Detalhes estes que pesam muito, sem o filme precisar verbalizar didaticamente “olha, presta atenção nisso, é importante”. Ele nunca subestima a inteligência da audiência. 

Paola entrega uma obra que te pega pela garganta e te deixa aflito do começo ao fim; alerta, sem conseguir relaxar. Volta e meia te dando socos no estômago. Logo, mesmo quando as coisas parecem estar caminhando para uma melhora, você tem aquela sensação de que o perigo está à espreita e que algo terrível vai acontecer a qualquer momento.

A trama é como um suspense, mesmo não sendo. E isso me fez lembrar da frase “Às vezes não existe horror pior do que a realidade”. Apesar disso, o longa cumpre o seu papel de nos lembrar que, embora ainda haja uma longa estrada, o fatalismo não nos ajuda em nada. Temos o amanhã e, então, também nos sentaremos à mesa.

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Nota: 8/10  

By Keith Ives

Uma enciclopédia humana de comédias românticas. Tenho gosto musical duvidoso e gosto de fingir que estou em um talk show enquanto lavo a louça. Quando não estou assistindo a filmes, estou fazendo miniaturas deles.

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