A mudança geográfica de Guarulhos

No dia 20 de julho chega ao cinemas brasileiros o longa “O Estranho”, dirigido por Juruna Mallon e Flora Dias. Com passagem pelo Festival de Berlim 2023, o longa trata de temas geográficos da cidade de Guarulhos e explora cultura, religião e paisagismo.

“Centenas de milhares de passageiros frequentam o Aeroporto Internacional de Guarulhos sem saber que a estrutura foi construída sobre território indígena.” O longa aborda a atual geografia da cidade de Guarulhos, mas tratando de relembrar como era antes da construção do aeroporto. Por diversas passagens, são citadas ruas, casas, comércios e a paisagem que havia próxima, e no local, que está ambientado o aeroporto.

Durante 1h40 o filme aborda diversos temas, mas acaba falhando por ser superficial em diversos pontos. Há cenas que duram 5 minutos e que acabam não fazendo diferença para a narrativa, como a “denúncia” do trabalho e a conversa entre dois amantes sobre o futuro universitário.

Porém, o longa acerta quando explora sua principal narrativa, a geografia territorial. Na marca de 1h15, vemos um pequeno documentário sobre os povos indígenas e como seria o espaço antes dos anos 1980. É aí que o longa chama a atenção, na forma de transmitir o que quer contar. É nessa trama que ficam os pensamentos do espectador.

A protagonista trás a lembrança, a memória e a cultura de quem saiu do território para a construção do aeroporto. Alê (Larissa Siqueira) trabalha no local e tem toda a carga histórica e simbólica do que era e o que se tornou o espaço. E isso faz com que a personagem seja o destaque dessa história, que tem suas dualidades entre nostagia e realidade.

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O filme é uma ode à cultura indígena e ao conceito de geografia espacial e territorial. Talvez com algumas subtramas a menos, o longa se destacaria mais. Porém, fica a marca de uma obra que pode ser revisitada ao longo dos anos e que pode estar na filmografia de algumas cadeiras universitárias, como objeto de estudo cultural e geográfico.

By Matheus Gomes

Gaúcho, vive em Buenos Aires (ARG) e amante da sétima arte desde pequeno. Produtor audiovisual independente na GAMA12 Produções, esteve no Festival de Cannes 2019 com o projeto "3 dias em Cannes" e foi assistente de produção de obra teatral na Argentina.

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