É lindo ver o mundo pelos olhos de Bella Baxter. Sua jornada, experiência com o mundo e transformação. 

Pobres Criaturas, dirigido por Yorgos Lanthimos, é um dos grandes filmes da temporada e provavelmente o mais ousado e ambicioso projeto de 2023. A jovem Bella Baxter é trazida de volta à vida pelo cientista Dr. Godwin Baxter. Querendo ver mais do mundo, ela foge com um advogado e viaja pelos continentes. Livre dos preconceitos de sua época, Bella exige igualdade e libertação.

Emma Stone está deslumbrante no melhor papel da sua carreira. Devido ao maravilhoso texto de Tony McNamara que traz todo o peso para a personagem principal, a atriz consegue um equilíbrio incrível em uma personagem que exige bastante fisicamente e possui diversas camadas emocionais a cada cena e descoberta. Emma, portanto, transpõe todo esse peso e incorpora Bella Baxter com maestria, carisma e originalidade.

É uma viagem acompanhar uma jornada pela Era Vitoriana, que mistura elementos futuristas, trazendo à tona a temática Steampunk. Essa belíssima e excêntrica abordagem utilizada por Lanthimos nos aproxima da história e encanta o espectador com a qualidade técnica primorosa.

Uma odisseia de descontrução

Um longa-metragem com tantos aspectos positivos consegue ser grandioso e íntimo ao mesmo tempo. A exploração da intelectualidade e amadurecimento da protagonista, tudo isso feito a partir de uma desconstrução proposta por Yorgos Lanthimos. A fotografia inicial em preto e branco, justamente para ressaltar os primeiros passos e as primeiras palavras de Bella Baxter, confinada em uma casa com seu Criador. Godwin Baxter, chamado carinhosamente de “God”, interpretado por Willem Dafoe, um médico, cientista e cirurgião nada convencional, que possui uma carga dramática e emocional importante para todo o andamento e encerramento da história. Na minha visão, ele é o grande coadjuvante do ano, um personagem excêntrico que trata de maneira satírica e bem-humorada os abusos sofridos por ele no decorrer de sua vida, justificando assim suas atitudes e aparência.

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A partir do momento em que Bella vai contra os desejos de seu Criador, uma fotografia colorida entra em cena, com cenários belíssimos e uma direção de arte encantadora. Uma trilha sonora rápida e dissonante toma conta das cenas, dando início a uma jornada de autodescoberta. A sexualidade é um tema fundamental no filme, propondo uma discussão sobre liberdade e experimentação dos desejos, frequentemente questionada por personagens coadjuvantes. Especialmente o advogado Duncan Wedderburn, interpretado por Mark Ruffalo, sendo, portanto, a representação de uma sociedade que necessita impor, proibir, julgar e ter controle sobre o outro.

Dessa forma, vejo que, Pobres Criaturas, propõe uma desconstrução e, acima de tudo, um diálogo sobre diversos tópicos, que separados poderiam render diversas discussões. Porém, juntos, apresentam uma argumentação sobre as contradições e paradigmas da sociedade. Tudo isso, representado através da ótica de uma personagem, explorando até a última gota de sua vivência e experiência com o mundo.

Essa aventura da personagem de Emma Stone, que pode ser descrita até mesmo como uma odisseia. É uma obra que flerta com o surrealismo e demonstra esmero em todos os aspectos técnicos. Poor Things transmite ao espectador uma sensação única ao acompanhar a protagonista, suas decisões, seu processo de “autoconhecimento” e a formação de uma “visão de mundo”.

Um longa sensacional de Yorgos Lanthimos que conta com uma atuação brilhante de Emma Stone e uma adaptação sensacional de Tony McNamara. Pobre Criaturas é tudo que você espera de um grande filme.

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NOTA: 9/10

By Luiz Henrique Alves

Olá, sou Luiz Henrique, faço comentários sobre cinema e compartilho aqui minhas experiências com filmes que vi.

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