007 é um dos personagens mais icônicos criados para o cinema, criado no contexto da guerra fria James Bond é o grande catalisador para que histórias de espionagem deixassem as telinhas da TV e ganhassem espaço no cinema. Mas como manter essa franquia no pós guerra fria, no qual o mundo não tinha mais essa divisão ideológica bidimensional, um mundo onde não há mais preto e branco, qual que seria o papel do agente 007 tinha espaço nesse mundo no qual ele não era mais necessariamente o mocinho ?
Foi essa pergunta que Martin Campbell respondeu em 2006 com o filme 007 Casino Royale que trouxe Bond para sua o mundo moderno com toda a sua glória, Daniel Craig entega nesse filme a origem do agente 007 em um mundo que fala sobre terrorismo pós 11 de setembro, essa nova versão do agente é bem mais humanizada onde não apenas vemos ele em sua origem, mas também vemos ele falhando várias vezes. O 007 não é mais o agente invencível que costumava ser.
O mundo de Bond não é mais preto e branco e o filme deixa isso claro logo em sua sequencia de abertura que homenageia os filmes clássicos da franquia, mas logo após ela mostrar Bond triunfando em se tornar o agente 007 o filme muda para Bond falhando em capturar um fabricante de bombas com vida e no processo explodindo uma embaixada de um país africano. O filme trabalha muito bem em não fazer o Bond ser um herói perfeito e sim um agente que está resignado com o trabalho, alguém que ou acredita que o que está fazendo é o certo ou apenas faz por ser bom nisso.
Outro quesito muito importante que esse filme traz para a franquia são as cenas de ação, Casino Royale tem um tom completamente diferente do que a franquia tinha até então, o filme não apenas traz mais realismo para as cenas como também faz elas terem poucos ou quase nenhum diálogo, as cenas focam muito no Bond e no dinamismo da situação e a falta de diálogo em troca do espetáculo visual que as cenas proporcionam é algo incrivelmente bem executado, a primeira sequencia e a sequencia do aeroporto são intensas e muito bem dirigidas, com um dinamismo de câmera bastante marcante e bem feito.
Enquanto ao vilão e a tensão do filme está aqui outro ponto extremamente favorável e bem realizado, Mads Mikkelsen entrega um vilão absurdamente interessante, um personagem genial que financia organizações terrorista e tem como hobbie usar seu conhecimento de estatística como jogador de pôquer em casino. Além do vilão ser interessante o filme também consegue criar tensão nas cenas de jogo, porque ele mostra o quanto os personagens são inteligentes e também estabelece o risco cada vez que o Bond perde uma aposta, é algo muito bem construído e o clímax disso tudo é simplesmente perfeitamente executado e de dar felicidade no telespectador
A maior crítica vai para o final do filme que destoa um pouco de como o filme venha sendo conduzido e o plot twist envolvendo a personagem Vesper de Eva Green é meio estranho. Porém o filme compensa isso numa cena final que define Daniel Craig como James Bond e arrepia bastante justamente pela construção que o filme faz ao longo de toda a sua duração. Portanto 007 Casino Royale é um filme sem sombra de dúvidas excelente e que honra o legado desse personagem ao mesmo tempo em que trás ele para um contexto de mundo completamente novo e com um novo estilo diferente de tudo que veio antes, Daniel Craig mostra que James Bond ainda tem um espaço gigantesco no cinema de ação.
16 de novembro de 2006 / 2h 24min / Ação
Direção: Martim Campbell
Roteiro: Martim Campbell, Neal Purvis, Paul Haggis
Elenco: Daniel Craig,Eva Green, Mads Mikkelsen
Título original: 007 Casino Royale
Crítico, Nerd, Gamer que sabe que a verdade está lá fora. Viciado em séries, cinema e cultura pop em geral. Diretor de dois curtas metragens mas que hoje prefere atuar nos bastidores. Sonha em um dia visitar Hogwarts e o Condado e deseja que a força esteja sempre com você.