Todos têm direito de voar

Após doze anos de espera, Wicked, o musical que é um prequel de O Mágico de Oz e está em cartaz na Broadway desde 2003, finalmente chega aos cinemas. Mas será que a adaptação faz jus ao sucesso do palco, ou a Universal adicionará mais uma obra à sua lista de adaptações de teatro mal-sucedidas? Vamos descobrir.

Sinopse: Na Terra de Oz, uma jovem chamada Elphaba forma uma improvável amizade com uma estudante popular chamada Glinda. Após um encontro com o Mágico de Oz, o relacionamento delas logo chega a uma encruzilhada.

Diferente de outras adaptações do universo de Oz, como Oz: Mágico e Poderoso, Wicked usa muitos efeitos práticos, o que torna Oz mais palpável e imersivo. Durante todo o filme, você realmente sente que está em Oz, especialmente na cena de abertura.

O diretor Jon M. Chu sabe como criar números musicais grandiosos. Assim como em In The Heights, ele nos envolve desde a abertura. A primeira música, No One Mourns the Wicked, já nos coloca dentro da história, transmitindo o ódio que o povo sente pela Bruxa Má do Oeste e o conflito interno de Glinda.

Falando em Glinda, Ariana Grande está perfeita no papel, entregando carisma, fisicalidade e uma voz incrível. Mesmo lembrando a original Kristin Chenoweth em alguns momentos, Ariana traz seu próprio brilho, especialmente em Popular, seu solo mais marcante e a parte mais engraçada do filme. A química com Cynthia Erivo também é incrível – sentimos que elas são amigas, dispostas a enfrentar tudo juntas.

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Cynthia Erivo, vencedora do Tony, Grammy e Emmy, é a Elphaba definitiva. Ela consegue trazer deboche, força e insegurança ao papel, crescendo ao longo do filme. Suas cenas emocionais são fortes, como uma sequência de dança com Ariana Grande e seus solos The Wizard and I e Defying Gravity, onde Jon M. Chu se supera na direção.

O elenco coadjuvante também brilha. É fofo ver Ethan Slater e Marissa Bode como Boq e Nessarose, trazendo momentos leves. Jonathan Bailey interpreta Fiyero e tem as cenas mais “quentes” do filme; sua química com Ariana e especialmente com Cynthia prepara terreno para a Parte II. Já os novos personagens ShenShen e Pfanee, interpretados por Bronwyn James e Bowen Yang, são os amigos “chatos” e bullies de Glinda, oferecendo alívio cômico.

Os grandes destaques são Jeff Goldblum e Michelle Yeoh como o Mágico e Madame Morrible. Goldblum claramente se diverte como o excêntrico Mágico, enquanto Yeoh traz uma presença assustadora como Morrible, passando segundas intenções com o olhar e tornando suas cenas com Cynthia ainda mais intensas.

Os pontos fracos do elenco incluem Keala Settle, como diretora da universidade, que tem pouca relevância, e Peter Dinklage como Dr. Dillamond, que parece um pouco perdido em suas cenas. Em alguns momentos, o “vale da estranheza” com os animais falantes incomoda, mas a cena de Something Bad foi muito bem feita e consegue evitar estranhezas.

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Os números musicais são cheios de energia. Dancing Through Life e Popular brilham, assim como What is This Feeling? e One Short Day, que impulsionam a história, destacando a relação de amor e ódio entre Elphaba e Glinda e apresentando Oz de forma impressionante. O número final é um verdadeiro evento e pode se tornar um dos melhores momentos musicais do cinema.

No fim, Wicked é um filme brilhante que acerta em quase todos os quesitos, talvez trazendo a melhor recriação do mundo de Oz desde o filme original de 1939. Embora existam pequenos erros, como o uso de luz natural em um dos números, os acertos superam essas falhas. É uma das melhores adaptações de musical para o cinema, que deixa o público ansioso para a Parte II, que chega apenas no próximo ano, mas que já parece necessária.

Corram para os cinemas!

Nota: 9/10

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