O brega é mais legal do que parece.

Dakota Johnson apresenta semelhanças marcantes com sua personagem, Cassandra Webb, especialmente em sua expressão desconexa, confusa e, por vezes, quase desorientada. Esse descompasso entre atriz e papel parece proposital, como se Johnson evitasse deliberadamente se posicionar como a líder de uma nova equipe de super-heroínas adolescentes. Essa atitude, que a afasta do drama raso proposto pela narrativa, gera um curioso efeito: nos identificamos mais com o aparente desinteresse da atriz do que com a história em si.

Madame Teia conta a história do filme solo da história de origem de uma das heroínas mais enigmáticas da Marvel. O thriller estrela Dakota Johnson como Cassandra Webb, uma paramédica em Manhattan que pode ter habilidades de clarividência. Forçada a confrontar revelações sobre seu passado, ela forja uma relação com três jovens destinadas a futuros poderosos… se elas conseguirem sobreviver ao presente ameaçador.

Madame Teia não é o desastre completo. Ao tentar evocar o estilo urbano e colorido dos filmes de heróis do início dos anos 2000, ele atinge alguns momentos de sucesso. O filme assume um tom leve e, por vezes, até bobo, mas consciente dessa postura, o que o torna divertido em alguns pontos. Especialmente nas cenas em que o enredo busca construir urgência por meio das visões de Cassandra, vislumbramos potencial para algo mais envolvente.

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Madame Teia e sua autoconsciência.

A estética propositalmente brega e despreocupada de Madame Teia é um dos elementos mais interessantes do filme. Em contraste com os tons cinzentos e o senso de auto importância que caracterizam as produções recentes do gênero, Madame Teia rejeita a seriedade e parece se desviar intencionalmente do molde do universo Marvel, criando uma experiência despretensiosa e, de certo modo, divertida.

Contudo, vários problemas comprometem a experiência. O trabalho de ADR é, para dizer o mínimo, precário, e a narrativa, demasiadamente introdutória, se torna repetitiva e superficial. Embora o trio adolescente se esforce e até consegue melhorar o andamento da trama com suas atuações simpáticas, os diálogos e a falta de densidade impedem que a história avance com solidez. A tentativa de apresentar uma abordagem dramática, onde as interações das personagens funcionariam como um impulso para a protagonista abraçar seus poderes e buscar respostas, se perde em meio a uma montagem confusa e caótica.

Porém, Madame Teia é mais autoconsciente que os outros filmes do gênero e possui um certo grau de preocupação com a linguagem, principalmente ao retratar a confusão da protagonista com seus poderes. S. J. Clarkson tem boas ideais quando tem interesse em mostrar os poderes da protagonista, mas ao decidir que ninguém, além do antagonista terá poderes realmente desenvolvidos ainda, acaba por deixar a verdadeira história para depois. É quase como se tudo fosse acontecer num próximo filme que é improvável de lançar.

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NOTA: 4/10

By Luiz Henrique Alves

Olá, sou Luiz Henrique, faço comentários sobre cinema e compartilho aqui minhas experiências com filmes que vi.

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