Emociona desde o início.

Muita poesia atravessa “Ainda Estou Aqui” de maneira universal, deixando marcas em quem assiste. Memória, traumas e generosidade estão ligados ao tema central que abre a maior discussão, a violação dos direitos humanos. O filme inicia-se com um Brasil nostálgico, onde cultura e amor tomam conta da tela. A mudança para o pesadelo é gradual. O diretor, Walter Salles, constrói os Paiva com tanta excelência, o que nos faz desejar fazer parte dessa família no Rio de Janeiro dos sonhos. Quando isso é tomado dos personagens, o público perde junto.

Salles distribui as informações necessárias, mas não entrega tudo, assim possibilita que os espectadores preencham as “lacunas” e, desta forma, convida o público a participar. Ele traçou um retrato de grande dignidade da Eunice, nada cai no campo do melodrama, tudo está contido e com afeto. O diretor mantém um equilíbrio honesto, a violência é presente, mas tudo é filmado elegantemente.

Há vários corações no longa, o que mais pulsa é a atuação de Fernanda Torres, uma heroína silenciosa. Sua performance implode, transformando a dor em força e muitas coisas não são ditas. Uma personagem com camadas que exigem bastante. A química geral da família é eficiente. Outro personagem de grande interesse é a casa. Parte de um lugar seguro, onde diversas recordações valiosas foram formadas por familiares e amigos. A casa ensolarada que esteve sempre aberta, agora precisa está escura e trancada. Um papel vital para a fotografia que transmite a mensagem com força. Produz um contrate expressivo na linguagem visual do próprio filme.

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Uma homenagem e denuncia que, felizmente, o Brasil e o mundo vão conhecer. Cinema nacional é puramente lindo.

NOTA: 9/10

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