Sabemos que o mercado do audiovisual é complexo e evitar que séries sejam canceladas vai além de a história ser boa ou não. É um processo que envolve o número de audiência, engajamento, relevância e por aí vai. Mas existem algumas séries sem continuação que deixam o público chocado porque parecem ser gratuitos. 

Os números são bons, a história se desdobra com facilidade para mais enredos, é relevante, têm seu lugar no mercado e aí… cancelamento. Muitas dessas séries inclusive foram pensadas para ter mais de uma temporada. E de repente a audiência é deixada apenas com o gancho da próxima temporada (que nunca virá) e muitas, muitas pontas soltas. 

Então pegue seus lencinhos e venha ver 3 dos cancelamentos de série mais injustos dos últimos anos:

I Am Not Okay With This

Nossa primeira série cancelada injustamente é I Am Not Okay With This, lançada em (2020) e com elenco incluindo Sophie Lillies, Wyatt Oleff, e Sophia Bryant. A série conta a história de Sydney, uma adolescente navegando os típicos dilemas da idade. Ao mesmo tempo em que também lida com o luto pelo pai e a descoberta de super-poderes que se manifestam quando suas emoções saem de controle. O que, na adolescência, acontece com bastante frequência.

É uma produção que transita bem entre o clima leve e tenso, o que é difícil de conseguir. A narrativa é inteligente e engraçada. O ritmo é bom, cada episódio fecha seus conflitos menores e alimenta os conflitos maiores de um jeito que te prende na cadeira. 

Por isso o luto por ela é tão grande. A série fez um bom barulho nas redes sociais em seu lançamento, tanto pela abordagem de sexualidade e juventude quanto pelos super-poderes.

A narrativa trouxe frescor à temática de pessoas com super-poderes, tema esse que já estava saturado na época do lançamento e hoje, ainda mais. I Am Not Okay With This tem jogo de cintura e muito carisma, fazendo com que os episódios passem super rápido mesmo explorando estes temas que já foram abordados diversas vezes. 

E mais: a dobradinha de Sydney com Stanley é muito boa de se acompanhar e a amizade deles tem uma dinâmica caótica parecida com a de Steve e Robin, de Stranger Things.

Além disso, também vemos o início da descoberta da sexualidade da protagonista, que foge da lenga-lenga didática sobre a comunidade LGBTQIAP+ que ninguém mais aguenta. 

Misteriosa e bem-humorada:

A série consegue ser mais sombria que Wandinha, por exemplo. E é a produção cancelada que mais dói porque terminou com um gancho irresistível e maravilhoso que nunca tivemos a oportunidade de presenciar.

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O showrunner e co-criador da série, Jonathan Entwhistle, falou ao Insider sobre o cancelamento da série na época que explicou que a Netflix tinha todas as intenções de renovar a produção, mas o ano era 2020 e em seguida veio a pandemia… O resto vocês já sabem.

Entwhistle disse ainda que tentou conversar com a Netflix para retirar o grande gancho do último episódio, já que a essa altura eles sabiam que o cancelamento era definitivo, mas a Netflix negou o pedido.

Ainda assim, se você gosta de narrativas “coming of age” , a estética cidadezinha pequena e soturna estilo Crepúsculo, I Am Not Okay With This vale a pena ser assistida.

Spin Out: 

Se você ainda está no clima de esportes por causa das Olimpíadas, essa série pode ser perfeita para você assistir se estiver disposto a conviver com a dúvida do desfecho de suas personagens.

Contando com 10 episódios, a série narra a história de Kat Baker (interpretada por Kaya Scodelario), que é uma patinadora excelente. Mas após um incidente, Kat precisa começar a patinar em dupla para voltar a competir. E, enquanto isso, tenta equilibrar a relação com a família e sua saúde mental.

A série é daquelas de assistir quase o tempo todo na ponta da cadeira, pois Kat parece não ter um segundo de paz. A produção te envolve rápido e faz você criar simpatia pela maioria dos personagens logo nos primeiros minutos. Cada um é complexo e intrigante à sua própria maneira e muitos te surpreendem.

Além disso, ver as sequências dos treinos de Kat e dos outros patinadores é hipnotizante. A retratação do clima competitivo de competições e as pressões que acompanham esse ambiente é uma das coisas que mais chama a atenção na série, e tópicos com os quais você consegue se identificar muito, sendo atleta ou não.

O cancelamento de Spin Out chocou até mesmo portais de notícias, já que a Netflix cancelou o projeto menos de 2 meses de lançamento. Fora dos streamings, produtoras normalmente esperam mais tempo para avaliar a recepção das séries. Spin Out, no entanto, foi lançada no primeiro dia de janeiro de 2020 e, mesmo com pouco tempo de lançamento, já estava angariando uma base de fãs que pediam a renovação.

A Netflix bateu o martelo mesmo assim, justificando que a produção não atendia os novos critérios de renovação, como também aconteceu com séries mais estabelecidas ainda como Anne With An E.

Julie And The Phantoms:

A produção estrela Madison Reyes e tem produção executiva de Kenny Ortega (que também dirigiu High School Musical e outros projetos super bem-sucedidos da Disney). A série é a versão estadunidense da produção brasileira sobre uma adolescente que monta uma banda com três fantasmas. 

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Enquanto a versão original brasileira tem um humor um pouco mais soturno, embora também jovial e com momentos leves, a adaptação estadunidense tem um humor mais descontraído e juvenil. Seu público-alvo está ali entre seus 12-15 anos. Apesar disso, a série é tão carismática que atraiu fãs de outras faixas etárias, como jovens de 18-22 anos.

A narrativa segue Julie, uma garota que tenta seguir em frente e encontrar forças para continuar com seus sonhos após o falecimento da mãe. Ela acaba conhecendo três adolescentes fantasmas que usavam sua garagem para ensaios da banda quando eram vivos. A partir de então, os garotos ajudam-na a voltar a fazer as coisas que gostava, enquanto ela os ajuda a descobrirem porque nunca fizeram “a passagem” e outros mistérios envolvendo sua morte.

A maldição da banda fantasma:

Infelizmente esta história sofreu a mesma maldição de sua versão original, que também foi cancelada após apenas uma temporada.

A série também é de 2020, e provavelmente foi prejudicada pela pandemia, já que a Netflix nunca revelou os motivos oficiais do cancelamento. Julie And The Phantoms provavelmente foi a maior série das três, em termos de alcance e base de fãs. A audiência organizou petições e fizeram a série ser um dos assuntos mais comentados por dias.

Durante a quarentena, o elenco fazia até mesmo lives cantando as músicas da produção (que são incríveis e estão na minha playlist até hoje, por sinal). Além de lives em suas redes sociais interagindo e falando sobre a história. E isso alimentava ainda mais os fãs e a esperança de uma renovação.

A Netflix demorou um ano e meio para dar o veredito, e quem deu a notícia no final foi o próprio Kenny Ortega. Ele ainda deixou as portas abertas para quem quisesse investir na continuação da história. Mas não vingou e foi mesmo o fim de JATP.

By Keith Ives

Uma enciclopédia humana de comédias românticas. Tenho gosto musical duvidoso e gosto de fingir que estou em um talk show enquanto lavo a louça. Quando não estou assistindo a filmes, estou fazendo miniaturas deles.

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