Nem tudo são flores.

O filme que se baseia no romance de Colleen Hoover apresenta alguns tropeços, mas demonstra ter uma visão clara do seu público-alvo e investe nele, como objetivo principal fazer um melodrama descente. Esta crítica terá pequenos spoilers, o que, sem eles, prejudicaria a análise.

Os principais temas discutidos na história são abuso psicológico e violência doméstica, que foram tratados com sensibilidade, mas isso não significa que vão fundo na ferida. Por um lado, isso é benéfico, já que evitam a armadilha de tentar chocar com cenas fortes, mas, por outro, o peso é diluído, especialmente quando priorizam mais a conversa do que a demonstração em si. Lily parece estar assombrada pelo fato de seu pai bater na mãe em casa, esse grande trauma que molda a personagem é pouco explorado e, toda vez que se recorda, mostra a mesma agressão que fica a impressão episódica. Um detalhe que acredito ser crucial é a quebra do estereótipo de que só homens alcoólatras agridem a mulher. Neste caso, eles se dirigem a um lugar que qualquer um pode fazer e, quando vem de alguém que menos espera, gera uma sensação de confusão, o pensamento que possa ter sido sem querer ou até mesmo de culpa.

Para aqueles que criticaram a escolha de Blake Lively para interpretar Lily Bloom, é bom dizer que a atriz está ótima no papel e compreendeu sua personagem, que é inspiradora. O combo das duas é o principal ponto forte do longa. A química do triângulo amoroso com Lily, Ryle (Justin Baldoni) e Atlas (Brandon Sklenar) enfeitiçam nossos olhares e fica prazeroso ver as paqueras. A questão é que, depois de apresentar as relações, elas ficam no superficial, e até se enganam que vão engatar quando os conflitos começam a surgir. O desenvolvimento dela com Atlas só ocorre no passado, e durante o presente fica distante, faltou tempo de tela. Isso pode ser intencional para um próximo filme?

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Justin Baldoni, que também dirige, às vezes parece perdido e tem dificuldades para disfarçar os encontros e situações forçadas. Gosto de algumas soluções que, em determinado momento, parecem que foram sem quer as agressões, mas depois quando a personagem percebe a situação, um novo ponto de vista é criado. Em cenas isoladas ele consegue criar um clima envolvente, com até uma atmosfera leve e humoradas.

O filme demora para começar, os caminhos percorridos são previsíveis e há uma falta de clímax, mas o longa tenta compensar com personagens interessantes e uma situação dramática que prende. Não é um melodrama que cause danos, tem tudo para gerar debates.

Nota: 5/10

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